domingo, 30 de outubro de 2011

A recuperação da educação pública

 A recuperação da educação pública
30/10/2011
Carlos Dias*






O ensino religioso nas escolas públicas avança na consolidação de sua presença nas escolas públicas do município do Rio. É de se comemorar, pois quem é educador, de fato, sabe que não pode haver divórcio entre as realidades presentes na pessoa humana, a material e a espiritual.

Nos tempos até aqui, o modelo educacional tem gerado mais segregação, discriminação e incerteza quanto ao futuro, pois o projeto pedagógico empregado mostra-se ineficaz não só por não contemplar uma instrução de qualidade, mas, principalmente, por não considerar a pessoa do aluno na sua integralidade.

O ensino religioso assumirá este desafio e será a referência para a produção de um novo projeto pedagógico. A presença de um quadro qualificado de professores é importante na reconquista da rede de educação pública como um dos instrumentos de superação das defasagens sociais. Isso permitirá uma verdadeira revolução, conjugando instrução, cultura, esporte, saúde e lazer no mesmo ambiente, propiciando aos alunos e suas famílias – sem os traumas ideológicos do passado que atingiram fortemente o magistério e os profissionais da educação – a convivência em ambiente favorável ao desenvolvimento de virtudes, despertado pelo ensino religioso de fundo confessional, fonte própria de recuperação pessoal, familiar e social.

Educar não é como se introduzíssemos na cabeça das crianças e adolescentes um chip sobre matemática, outro sobre português, outro sobre ciências etc, tornando-os reprodutores de fórmulas e de conceitos. O papel esperado da educação na escola, com o professor habilitado, é para além da instrução de qualidade altamente requerida. É o de ajudar no despertar dos alunos para realidades desafiantes de um mundo, que, a cada dia, dá sinais claros de estar na busca de novos parâmetros referenciais. Mas como educar e instruir sem considerar importantes os desafios da natureza humana impressos internamente em cada pessoa?

Com este novo modelo, que inclui o ensino religioso na matriz curricular, o projeto pedagógico certamente terá potência para a reconstrução do ambiente educacional e do aluno, atingindo a pessoa, iniciando a partir de dentro, do coração — resposta que se impõe à razão fria.

O ensino religioso é a resposta mais vigorosa para que as opções interiores possam firmar nossas convicções e regular opções externas e justas de vida, não mais segundo interesses particulares e egoístas, mas, sobretudo, pelo amor cristão que significa doação, partilha e entrega.

Ponto basilar, também, é a estrutura familiar e seu significado, recompondo necessários conceitos, como o do valor do trabalho honesto, rico exemplo que nos chega pelo suor do rosto e, por isso mesmo, deve merecer salário justo. Salário visto como recompensa e conquista, gerando crescimento e estabilidade na tensa relação sempre presente na vida terrena.

Da presença do ensino religioso nas escolas públicas, conjugando a fé com a razão, uma nova geração crescerá, embora forjada no sofrimento e na angústia, mas tal resgate possibilitará o alcance da dimensão espiritual da vida, contribuindo para uma verdadeira transformação da realidade.

*Membro da Pastoral dos Católicos na Política