quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Desperta Senhor, Por que dormes?

Desperta Senhor, por que dormes? Não nos rejeiteis continuamente! Por que ocultais a vossa face e esqueceis nossas misérias e opressões? (Sal 43, 24-25).
Na Liturgia de hoje a Igreja nos faz gritar com o grito desesperado do povo de Israel que, depois de ter sido ajudado a sair da opressão na terra do Egito, foi humilhado na grande batalha com os Filisteus. Hoje como então, o homem parece estar abandonado a si mesmo, vítima de um destino cruel, sem sentido. No mundo inteiro os corações que se comovem ficam atônitos e sem palavras diante de tanta dor por tantos inocentes, homens, mulheres e crianças, que perderam a vida no terrível terremoto que no último dia 12 de janeiro devastou um dos lugares mais pobres do mundo.
Mas, acabamos de ver no período de Natal recém concluído, que também nos tempos de Jesus a história continuava a revelar o seu rosto misterioso. Quando Jesus, recém-nascido, estava sendo levado a salvo por Maria e José, as Santas Crianças Inocentes eram barbaramente assassinadas e davam a vida pela glória de Cristo. Que mistério!
Este grito que o povo de Israel lançava contra Deus, pode ser hoje o grito da nossa consciência que não pode permanecer como antes. A minha consciência não pode mais permanecer fechada nas pequenas coisas, na minha rotina, nos meus projetos, eu não sou mais apenas “eu”, hoje sou obrigado a olhar o horizonte e a perguntar-me que sentido tem tudo! E diante de um mistério tão grande posso me surpreender que quem nos faz, ao mesmo tempo padece conosco como nos testemunhou a vida de Jesus, e a sua morte, e a sua ressurreição. E os milhares e milhares de santos que mostraram na história o olhar vivo de Cristo, pleno de misericórdia que disse à viúva de Naim “Mulher, não chores!”.
O mistério que acontece hoje pode me tornar mais sensível, me fazer buscar mais este Sentido, mais sedento deste olhar, porque o Sentido se tornou um rosto, um olhar, um TU.
“Mas como sabemos que Cristo está vivo agora? Porque o Seu olhar não é um acontecimento do passado. Continua tal e qual no mundo: desde o dia da Sua ressurreição a Igreja existe só para tornar experiência a afeição de Deus, por meio de pessoas que são o Seu corpo misterioso, testemunhas hoje da história daquele olhar capaz de abraçar todo o humano.” (Julián Carrón).


Rio de Janeiro, 14 de Janeiro de 2010
Marco Montrasi
Responsável do Movimento Católico Comunhão e Libertação no Brasil