sábado, 24 de abril de 2010

Nota da Pastoral de Católicos na Política sobre o PNDH3


Ocorreu neste sábado, dia 24 de abril no auditório do 2º. andar do Edifício João Paulo II o Seminário: A Doutrina Social da Igreja e o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos. O evento contou com a presença de diversas autoridades parlamentares. O governador Sérgio Cabral foi convidado, mas não compareceu.


A abertura do evento foi feita por Dom Filippo Santoro e contou com a presença sempre importante de Dom Fernando Rifan Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney de Campos. Após a composição da mesa com os palestrantes, que foi dirigida por Carlos Dias, membro fundador da Pastoral de Católicos na Política, chegou Dom Orani João Tempesta, Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que proferiu uma saudação a todos e discorreu sobre os objetivos do evento. Após a fala de Dom Orani, sob a moderação de Carlos Dias, iniciaram-se as apresentações de Dom Filippo Santoro, que abordou o tema Direitos Humanos e a Igreja. Concluída a apresentação de Dom Filippo Carlos Dias leu a Nota da Pastoral de Católicos na Política sobre o PNDH 3. O próximo palestrante foi o jornalista Carlos Alberto Di Franco que analisou a questão da Liberdade de Imprensa e o PNDH3 e, finalizando a primeira parte do seminário, o Procurador do Estado e Presidente da União dos Juristas Católicos Dr. Paulo Leão tratou do tema da Liberdade Religiosa focada na polêmica sobre símbolos religiosos.


Na segunda parte do Seminário Dom Roberto Paz, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Niterói, abordou o tema: Partes Polêmicas do PNDH3 – Aborto, Políticas de Gênero e a Propriedade Privada.


Na sequência houve a participação dos presentes com perguntas dirigidas a mesa. Após esta fase o Coordenador Político da Arquidiocese do Rio Padre Lincoln apresentou Proposta de Ações e discorreu sobre a metodologia e acompanhamento de informações sobre temas de interesse da Igreja Católica no parlamento. Coube a Dom Roberto Paz o encerramento do Seminário.


Nota da Pastoral de Católicos na Política sobre o PNDH3

A Pastoral de Católicos na Política da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e do Leste 1 se manifesta por meio desta Nota sobre a proposta de implementação do Programa Nacional de Direitos Humanos 3 proposta pelo Governo Federal.

1. O Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) aborda uma temática que não lhe compete, que não foi submetida a um debate nacional, inclusive desrespeitando a autonomia do Congresso Nacional, agredindo a Constituição Federal e a legislação em vigor. Suscita, com efeito, graves preocupações não apenas pela questão do aborto, do casamento de homossexuais, das adoções de crianças por casais do mesmo sexo, pela proibição de símbolos religiosos nos lugares públicos, pela transformação do ensino religioso em história das religiões, pelo controle da imprensa, a lei da anistia, etc, mas, sobretudo, por uma visão reduzida da pessoa humana. A questão em jogo é principalmente antropológica: que tipo de pessoa e de sociedade é proposto para o nosso país.

2. No programa se apresenta uma antropologia reduzida que sufoca o horizonte da vida humana limitando-o ao puro campo social. Dimensões essenciais são negadas ou ignoradas: como a dignidade transcendente da pessoa humana e a sua liberdade; o valor da vida, da família e o significado pleno da educação e da convivência. A pessoa e os grupos sociais são vistos como uma engrenagem do Estado e totalmente dependentes de sua ideologia.

3. Os aspectos positivos, que também existem, e que constituíram grandes batalhas da CNBB e de outras importantes organizações da sociedade civil são englobadas dentro de um sistema ideológico que não respeita a concepção de vida humana da grande maioria do povo brasileiro. Por isso, são de grande valia os pronunciamentos de tantos setores da sociedade, que mostraram profunda preocupação com as consequências da aplicação desse Programa.

4. Nesta 3ª edição do PNDH, estamos diante de uma cartilha de estilo radical-socialista. Trata-se de um projeto reduzido de humanidade destinado a mudar profundamente a nossa sociedade.

5. Vida, família, educação, liberdade de consciência, de religião e de culto não podem ser definidos pelo poder do Estado ou de uma minoria. O Estado reconhece e estrutura estes valores que dizem respeito à dignidade última da pessoa humana, que é relação com o infinito e que nunca pode ser usada como meio, mas é um fim em si mesma. A fonte dos direitos humanos é a pessoa e não o Estado e os poderes públicos.

6. O programa do Governo é um claro ato de autoritarismo que enquadra os direitos humanos num projeto ideológico, intolerante, que faz retroceder o país aos tempos de ditadura.

7. Diante desse instrumento de radicalização, somos todos interpelados face às ameaças que dele derivam à eficácia de valores vitais, como os da vida, da família, da pessoa, do trabalho, da liberdade e da Justiça.

8. Os membros da Pastoral de Católicos na Política da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e do Leste 1, que abaixo assinam, posicionam-se fortemente contra tal programa e desejam ver bem discutidas estas propostas de modo a transformá-las, de ameaça que são, em um esforço útil a todo o Povo Brasileiro.
24/04/2010

16 de maio de 2010 - Dia Mundial das Comunicações Sociais.

Retiro de Sexualidade e Afetividade

Encontrão Jovem

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Apelo para ajudarmos as vítimas das chuvas

Sobriedade e paz, só por hoje, graças a Deus.
Amados irmãos e irmãs Agentes da Pastoral da Sobriedade, bom dia.

Fazemos o apelo para ajudarmos as vítimas das chuvas que atingiram nossa Cidade.
Unindo forças podemos minimizar o sofrimento de centenas de famílias.

O Rio de Janeiro registrou volume de chuva recorde para um único dia - o maior em pelo menos 44 anos -, causando estragos, deslizamentos e 95 mortes em vários locais da região metropolitana, desde a noite de segunda até a tarde desta terça-feira, 6 de abril.

Um dos locais mais atingidos foi o Morro do Borel, na Zona Norte do Rio. A comunidade é assistida pela Paróquia São Camilo de Lellis e de acordo com o Pároco, Padre Zaqueu Geraldo Pinto, cinco famílias foram vítimas de uma avalanche na noite de ontem e três pessoas morreram, dentre elas uma criança de seis meses.

Além dos três mortos, duas pessoas apresentaram fraturas e sete tinham escoriações. Bombeiros e agentes da Defesa Civil Municipal estão no Morro à procura de uma criança, que ainda estaria soterrada.

Até o momento, Padre Zaqueu explica que mais de 120 famílias estão desabrigadas e mais de 10 casas desabaram. A preocupação é grande. Os desabrigados foram acolhidos em um CIEP, mas o local é aberto e faz muito frio. O Padre pede que as pessoas doem agasalhos.

A Paróquia necessita de doações de alimentos, roupas, mamadeiras e fraldas, já que entre os desabrigados é alto o número de crianças. Padre Zaqueu pede também muitas orações pelas vítimas da chuva. A Paróquia São Camilo de Lellis fica na Estrada Velha da Tijuca, 45, Usina.

Quem também necessita de doações é a comunidade assistida pela Paróquia Santos Mártires Ugandenses e Nossa Senhora de Nazaré, em Acari. O Pároco, Padre Nixon Bezerra, conta que sua comunidade está em calamidade. Ele explica que só neste ano é a terceira vez que a região alaga, mas a chuva nunca teve tanta intensidade. Ele conta que a Comunidade Beira-Rio, como o próprio nome diz, fica à margem do Rio Acari, que transbordou e desabrigou mais de trinta famílias.

A solução foi transformar um galpão da Igreja para acolher os desabrigados. Padre Nixon está recolhendo do estoque da Igreja mantimentos e roupas e a partir de amanhã vai pedir doações nas missas.

- Eu também sou vítima dessa chuva, perdi tudo na casa paroquial, todos os móveis e mantimentos, lamentou o Padre.

Aqueles que desejarem enviar donativos, a Paróquia fica na Rua Guaiuba, 130, Acari.

É importante lembrar que várias outras regiões do Estado estão sofrendo com a chuva. Por isso, quem puder colaborar, a Cáritas Arquidiocesana tem uma conta no Banco Bradesco e todo dinheiro recolhido será distribuído entre os necessitados. Agência 0814-1, C/C: 48500-4.



Pastoral da Sobriedade: uma presença que liberta!
Abraço fraterno,
Cristina de Fátima Carvalho

terça-feira, 6 de abril de 2010

O abraço de Cristo, maior que as feridas

O momento presente, marcado pela acirrada discussão sobre a pedofilia, é uma grande ocasião de purificação e de conversão da Igreja para poder comunicar com transparência a todos o abraço da justiça e da misericórdia de Deus , que é a razão pela qual ela existe.

O papa Bento XVI na Carta aos católicos na Irlanda com grande humildade e coragem afirma que: “para se recuperar desta dolorosa ferida, a Igreja na Irlanda deve em primeiro lugar reconhecer diante do Senhor e diante dos outros, os graves pecados cometidos contra jovens indefesos. Esta consciência, acompanhada de sincera dor pelo dano causado às vítimas e às suas famílias, deve levar a um esforço concentrado para garantir a proteção dos jovens em relação a semelhantes crimes no futuro”(n 1).

E aos sacerdotes e religiosos que abusaram dos jovens diz: “deveis responder diante de Deus onipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos” (n. 7). Por isso se indica uma perspectiva que com toda clareza submete para o futuro estes crimes ao juízo dos tribunais eclesiásticos e civis.”Ao mesmo tempo, a justiça de Deus exige que prestemos contas das nossas ações sem nada esconder. Reconhecei abertamente a vossa culpa, submetei-vos às exigências da justiça, mas não desespereis da misericórdia de Deus” (n.7).

E Aos bispos acrescenta que «estabelecessem a verdade de quanto aconteceu no passado, tomassem todas as medidas adequadas para evitar que se repita no futuro, garantissem que os princípios de justiça sejam plenamente respeitados e, sobretudo, curassem as vítimas e quantos são atingidos por estes crimes abnormes”(n.5).

“Deve-se admitir que foram cometidos graves erros de juízo e que se verificaram faltas de governo. Tudo isto minou seriamente a vossa credibilidade e eficiência. Aprecio os esforços que fizestes para remediar os erros do passado e para garantir que não se repitam. Além de pôr plenamente em prática as normas do direito canónico ao enfrentar os casos de abuso de jovens, continuai a cooperar com as autoridades civis no âmbito da sua competência. Só uma ação decidida levada em frente com total honestidade e transparência poderá restabelecer o respeito” (n.11).

Algo mais claro que isso não poderia ser dito e a natureza emblemática desta carta se aplica não apenas à Irlanda como às outras nações no mundo onde estes crimes foram cometidos manifestando o firme propósito de punir com rigor os culpados e de não esconder absolutamente nada.

Mas com tudo isso a onda mediática não se declara satisfeita porque o seu objetivo é abater a autoridade moral do Papa e da Igreja. A culpa de alguns membros, uma pequena minoria, tiraria a autoridade de toda a instituição que atualmente é a única que lembra sem equívocos a voz da consciência e a defesa total da vida e da dignidade das pessoas. Quer-se atingir a Igreja em quanto tal, na sua capacidade de falar aos homens e às mulheres de nosso tempo. É claro que os mesmos que acusam são aqueles que pregam qualquer liberdade e justificam tudo em matéria de sexo.

Essa é a tentativa de eliminação da consciência do bem e do mal deixando tudo ao arbítrio do homem e do poder. E no fundo é a eliminação de Deus, não de um deus construído pelo sentimento e pelas opiniões, – esta divindade é largamente acolhida pela mentalidade dominante – mas de um Deus que é diferente de nós: o Altíssimo que quis se manifestar na nossa história como companheiro e salvador.

Ele já nos doou tudo, nos libertou. Não compactuou com pecado, mas o perdoou por meio de um amor muito maior. O que não se tolera em certa mentalidade dominante é a Presença de um amor total, que incide e que transforma a vida e que lembra a todos o valor objetivo da consciência moral.

A partir de pecados detestáveis de alguns membros da Igreja, a partir de faltas morais se quer destruir a origem da moral que é a presença do infinito no coração do homem que a Igreja prega e testemunha por meio do dom generoso e total de muitos seu filhos sacerdotes e religiosos. Se chega a associar celibato e pedofilia, quando muitas sérias pesquisas científicas demonstraram que não tem a ver uma coisa com a outra e que a maioria destes delitos acontece em família. Assim se quer atingir todos os padres e negar a possibilidade de uma doação integral, isto é virgem, para Cristo e para o bem dos irmãos e irmãs.

Mas esta tentativa violenta de desmoralizar a Igreja não pode tirar a presença objetiva do bem maior que existe na História: o abraço de Cristo à humanidade ferida. A onda mediática e gravíssimos erros não podem vencer o bem mais precioso que a Igreja tem e comunica: a esperança e a vitória da ressurreição. Esta é a fonte da qual partir novamente com humildade, transparência e rigor no serviço ao mundo de hoje.

Dom Filippo Santoro
Bispo de Petrópolis